Devido as diversas semanas de moda que ocorrem em todo o mundo, em todos os continentes, a moda está muito mais cosmopolita e geograficamente diversificada.
Porém a África ainda hoje permanece à margem do negócio global da moda, devido a uma infraestrutura precária, pobreza, corrupção, protecionismo, burocracia e instabilidade política, mas ainda assim cheio de cultura, criatividade, talento, ambição e recursos.
Felizmente várias iniciativas estão surgindo no continente para colocar a região no mapa da moda mundial. A África tem o potencial de atrair uma parte muito maior da fabricação de tecidos, vestuário e acessórios, com isso algumas fábricas já surgem na Etiópia, Quênia, Costa do Marfim, Ilhas Maurício, Gana, África do Sul e outros países africanos que querem criar produtos competitivos e gerar empregos.
Sendo a Etiópia a segunda nação mais populosa da África, com uma força de trabalho jovem abundante, o país possui um dos mais altos níveis de investimento estrangeiro dentro da África, devido em grande parte, aos custos trabalhistas bem menores do que os dos chineses. E quem está mais interessado em fabricar moda na África são justamente empresas chinesas, por causa dos aumentos dos custos no próprio país. Com isso os chineses ajudam a construir a infraestrutura necessária que a África precisa.
Inaugurado em 13 de junho de 2016, pelo primeiro-ministro Hailemariam Dessalegn e construído por uma empreiteira chinesa (China Civil Engineering Construction Corporation), o parque industrial “Hawassa”, situado a 275 quilômetros da capital, Addis Ababa, conta com 1,3 milhão de metros quadrados e vai abrigar 21 fabricantes de roupas, tecidos, bolsas e sapatos, duplicando o número de postos de trabalho na Etiópia no setor. O espaço ajudará o país a gerar 1 bilhão de dólares de receitas em exportação, 10 vezes mais do que os volumes atuais.
Quando o parque industrial Hawassa estiver em pleno funcionamento, vai gerar 60.000 postos num único local, mais do que os 53.000 empregos gerados hoje pela própria indústria têxtil da Etiópia.
O Hawassa conta com enormes galpões para atender os fabricantes internacionais, mas ainda galpões menores para empresas de moda etíopes e de outros países africanos. Empresas de moda como a PVH Corp. (dona das marcas Calvin Klein e Tommy Hilfiger), a gingante do fast-fashion sueca H&M, e a Wuxi Jinmao Foreign Trade Company, da China, estão entre as 15 empresas estrangeiras que alugaram galpões no parque. Além de outras empresas provenientes da Índia, Sri Lanka e China, além de seis empresas etíopes.
O parque, além de contar com novas tecnologias e segurança, vai ser alimentado pela abundante e barata energia hidroelétrica do país, empregando tecnologias de conservação de energia e água, sendo assim considerado como “Sustentável”.
Para se diferenciar dos problemas ambientais causado pela fabricação de moda na Ásia, com suas fábricas altamente poluentes, o governo da Etiópia quer que o país fique conhecido pela produção de vestuário, têxtil, couro e calçados com as mais recentes tecnologias sustentáveis de fabricação e tratamento de resíduos têxteis. Além de ter potencial para se tornar uma fonte de matérias-primas, com mais de 3,2 milhões de hectares de terra e um clima adequado para o cultivo de algodão e outras fibras naturais.
Fonte: http://br.fashionnetwork.com/