O poder que a China exerce em diversos setores, inclusive no têxtil e vestuário, é notável. Eles se configuram como o maior produtor de roupas no mundo, fabricando 50% dos tecidos, com cerca de 80 bilhões de metros por ano.
Mas com tanta produção é natural que hajam sobras de resíduos têxteis nas fábricas chinesas, como retalhos, tiras defeituosas e restos de produções com defeitos que vão acabar indo para o lixo.
Sobras de materiais têxteis.
Aí entra o grande desafio da sustentabilidade, de fazer com que fornecedores e marcas de moda se unam e cooperem para com o meio ambiente. Assim, para tentar resolver este problema de desperdício, a chinesa Bunny Yan lançou o aplicativo móvel “The Squirrelz”, com o objetivo de unir diferentes fábricas têxteis e de vestuário, que possuam grandes volumes de resíduos têxteis, a marcas e estilistas que sabem como tirar proveito dessa matéria-prima.
Os 3 Rs da sustentabilidade: redizur, reutilizar e reciclar, estão se tornando o novo grito da moda.
Em 2013, Bunny Yan abriu sua primeira loja ‘upcycled’ (que é o processo de transformar resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade.), em Xangai, chamada ‘The Squirrelz’ para venda de acessórios e itens domésticos produzidos de forma sustentável, por designers locais. Dois anos mais tarde, ela se tornou a 1ª plataforma e-commerce sustentável da China, semelhante ao site de varejo americano Etsy.
Criadora do aplicativo, Bunny Yan.
Sua primeira loja ‘upcycled’, ‘The Squirrelz’.
O e-commerce The Squirrelz oferece uma plataforma de serviços, fazendo todas as fotos, o conteúdo e a comercialização. Assim, os designers podem se concentrar apenas nos produtos. A empresa também lançou um novo serviço para conectar as fábricas de tecidos e roupas da China com os jovens designers, o que iria ajudar essas fábricas a livrarem-se dos resíduos têxteis para que, dessa forma, elas possam fornecer aos criadores um fluxo constante de retalhos, tiras defeituosas e restos de produções.
Bunny Yan descobriu que os tecidos que as fábricas chinesas descartavam como ‘sobras’ eram utilizáveis, por se tratarem de tecidos novos. No entanto, as fábricas não vendem seus resíduos porque eles não são seu principal foco de lucro e ainda porque não têm a infraestrutura necessária para isso.
Assim, o aplicativo The Squirrelz se torna uma forma de incentivar a reutilização de um material que é considerado ‘lixo’ desde o começo e quebra a corrente de desperdício tão comum na indústria da moda.
Estilistas de moda upcycling podem adquirir os retalhos de tecidos desde que estejam dispostos a pagar o valor do frete. Por enquanto, o aplicativo só funciona nos Estados Unidos, mas Bunny Yan planeja expandir sua atuação para novos mercados.
No Brasil, já há algo parecido, o Banco de tecidos, porém não fuciona como um aplicativo. Nas confecções do Brás e do Bom Retiro, tradicionais redutos de têxteis e vestuário de São Paulo, todos os dias são geradas 20 toneladas de retalhos de tecido, material colocado nas calçadas e recolhido por caminhões como lixo comum. Assim a Sinditêxtil lançou em 2012 o projeto Retalho Fashion, para recolher esses tecidos e reciclá-los em outras aplicações.